segunda-feira, 14 de junho de 2010

Os Livros Apócrifos

Muitas perguntas têm sido feitas e muitas questões têm sido levantadas quanto aos livros apócrifos. Os católicos chegam mesmo a afirmar que a Bíblia usada pelos evangélicos (aos quais chamam"protestantes") é incompleta e falha por faltarem nela os livros apócrifos. Muitos evangélicos, por sua vez, perguntam por que a nossa Bíblia não contém tais livros.

Definição de "Apócrifos"

Empregamos aqui o termo apócrifo num sentido restrito, forçando um pouco o sentido original da palavra, e pondo de parte o carater de certos escritos, aos quais o referido termo se aplica. A palavra "apócrifo", literalmente, significa "oculto". Porém, no decorrer dos tempos e em razão do uso, o termo já não tem o sentido de "oculto", mas de "espúrio", isto é, "não-puro".
No tempo da Reforma, o termo "apócrifo" definitivamente aplicado a esses livros não canônicos contidos na Vulgata, pois não faziam parte do cânon hebraico. Seu significado oposto ao termo "canônico" acarretou, para esses livros, o desprezo que se sentia pela literatura apocalipitica e oculta, tanto judaica como cristã-judaica.

Relação dos apócrifos

O numero de livros apócrifos vai muito além daqueles que a Bíblia de uso católico contem, porém os mais conhecidos, e aqui citados, são aqueles que foram aprovados pela Igreja Católica no Concilio de Trento, em 1546. Destes, mais da metade são inseridos nas Bíblias de edição católica.
Alguns desses livros são também inseridos em Bíblias de editoras protestantes, para estudo e investigação da crítica textual e devido ao seu relativo valor histórico.
Os apócrifos consistem em livros assim chamados, e em acréscimos a livros canônicos. A sua aprovação pela Igreja Católica deu-se, como disse, em 1546, no Concilio de Trento, em meio a intensa controvérsia, havendo inclusive luta física resultante da contenda e dos debates em torno deles. Os Livros, acréscimo a livros canônicos, aprovados, foram os seguintes: TOBIAS, JUDITE, acréscimo ao livro canônico de ESTER, SABEDORIA DE SALOMÃO, ECLESIÁSTICO, BARUQUE (contendo a epistola de Jeremias), CÂNTICOS DOS TRÊS SANTOS FILHOS (acréscimo a Daniel), HISTÓRIA DE SUSANA E BEL E O DRAGÃO (também acréscimo a Daniel), 1 e 2 MACABEUS.
Eram 14 os principais apócrifos do Antigo Testamento. Destes, os não reconhecidos pelo Concilio de Trento foram 1 e 2 ESDRAS e a ORAÇÃO DE MANASSÉS.

Importante e nunca se deve esquecer!

Por que estes livros são considerados apócrifos e não canônicos? A razão óbvia é que eles não suportam uma prova de canonicidade, como é mostrado a seguir:
  • Eles nunca fizeram parte do cânon hebraico.
  • Eles nunca foram citados no Antigo Testamento.
  • Joséfo, o historiador judeu , os omite em seus escritos.
  • Nenhum deles reclama a inspiração divina para si.
  • Eles contêm erros históricos, geográficos e cronológicos.
  • Eles ensinam e apoiam doutrinas que são contrária ás escrituras em geral.
  • Como literatura, ás vezes não passam de mitos e lendas.
  • Em geral, seu nível espiritual e moral deixa muito a desejar,
  • Jesus não os cita em seus ensinamentos.
  • Os apóstolos e escritores dos evangelhos, das Epistólas e dos Apocalipse não se referem a eles nos seus escritos.
  • Os famosos pais da Igreja Primitiva não se reportam a eles como fonte de inspiração dos seus escritos.
  • Eles foram escritos muitos tempos depois de encerrado o cânon do Antigo Testamento.
Certamente que nem todas as Igrejas têm a mesma opinião quanto ao valor dos apócrifos. A Igreja Reformada, por exemplo, sempre considerou os livros não-cânonicos como de relativo valor, "para exemplo de vida e instrução de costumes, ainda que sem autoridade em matéria de fé".

Que a paz fique com todos.
Pb. Ranilson Ferreira